José Guilherme Vereza

Crônicas publicadas no projeto.

Alguém me explica

Durante dois anos, minha filha frequentou uma escola secundária pública em Lisboa, e ao final do último período conquistou uma média final mais do que suficiente para entrar na faculdade que escolheu. Um orgulho, uma imodéstia de elevar o queixo de um pai que bate pernas pelas ruas de Lisboa. A classificação final só não foi melhor porque suas notas em Educação Física foram abaixo de todas as matérias que

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Um abraço

Peço desculpas pela crônica tardia. O trágico, o absurdo e a tristeza, sucessivos e concentrados, me atingiram particularmente de tal jeito que perdi o paladar por escrever. Não digo que vai passar tão logo porque até o tempo paralisou, mas as teclas sempre me salvam. É por isso que eu insisto. Cá estou meio troncho fazendo questão de registrar o que considerei uma das coisas mais lindas que vi no

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Não basta ser Medina

Talvez não seja o momento, talvez nunca seja o momento. Mas na avalanche de adrenalina, orgulho da mulherada brasileira, nó na garganta com a solidariedade reverencial de Simone e Jordan diante da Rebeca, o pranto contagiante de Bia Souza, o sorriso de Rayssa, enfim, na fervura de tantas emoções, um questionamento impertinente me buzina. O que define um esporte olímpico? Preguiçoso de pensar, ouço vozes do Tio Google. “A cada

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Ferida olímpica

Celine Dion, o cavalo de prata cortando o Sena, as meninas brasileiras da ginástica, Rebeca, Rayssa, Caio Bonfim, o voo do Medina. Os Jogos de Paris até agora já produziram emoções suficientes para não me desgrudar do sofá. O céu azul das tardes do verão de Lisboa perdeu meus olhares para televisão. No entanto, um detalhe de emoção pelo avesso me escapou da tela. Li que uma ferida detectada num

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O vencedor

Tenho profundos respeito e compaixão por perdedores. Não os negligentes, indiferentes, preguiçosos, conformados, entregues aos desígnios do destino. Mas aos que francamente choram suas perdas. Guilherme Costa dedicou seus preciosos tempos de infância, adolescência e quase adultice para conquistar um podium, pendurar no peito uma medalhinha que fosse, bronze estava bom, merecidamente bom pela dedicação de uma vida inteira, ainda que tenra, mas intensa de nobreza. E foi essa nobreza

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INIMIGOS DO FIM

Sou daqueles que sofrem com o fim das coisas boas da vida. Desde criança sou assim, portador de um sentimento dito infantil que perdura aos meus dias de adulto mais ou menos assumido como tal. Fim de férias, fim de aniversário, fim de um encontro memorável, fim de viagem, fim de um trabalho prazeroso, fim de uma vinho raro, que não sei se vou degustar mais. O finzinho do sorvete

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GATILHOS

Aproxima-se o dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Ao contrário de me provocar ansiedade e excitação pelo que amo olimpicamente a cada quatro anos, sinto os chamados gatilhos. Para quem não tem adolescente em casa, explico: gatilho, como o próprio nome induz, é tudo aquilo que dispara sentimentos explosivos, ora de nostalgia, ora de saudade, ora de ilações com momentos ruins ou ótimos, que de um jeito ou

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Nosso paradoxo paralímpico

Já dá para acreditar que o Brasil seja uma potência nos esportes paralímpicos. Hoje, sexta feira, 27 de agosto de 2021, estamos em sexto no ranking de Tóquio 2020 e tudo indica que a penca de medalhas tenda a aumentar. Que seja assim. Nossos atletas paralímpicos são admiráveis em superar o destino, os revezes da vida e em esbanjar uma alegria comovente, misturada à gratidão, a cada ouro, prata e

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Tentando entender o que passou

E os Jogos passaram como a canoa de Isaquias. Acabou-se o que era doce. Foi rápido, bonito, encantador, sublime, emocionante. Nas noites insones, sonhamos juntos os sonhos dos que suaram, choraram pela vitória ou pela derrota ou simplesmente por estarem ali, vivendo o improvável de uma Olimpíada que lutou para existir e bem fez por merecer existir. E agora, ao invés de adormecer exausto, desperto para dentro de mim e

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O que Karen Janz botou na mesa

A tsunami de emoções que vem do Japão direto para nossas madrugadas traz na espuma alguns objetos interessantes de razão e reflexão. É nítido que os Jogos estão revelando mudanças de comportamento, ora dentro de sua própria estrutura olímpica, ora com efeitos na evolução da humanidade. Há quebras de recordes e paradigmas. Reparem as modalidades estreantes. O surf e o skate chegaram para ficar e suas manobras radicais carregam novos

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