CHINELAS OLÍMPICAS

Não, não estou entre aqueles que julgaram de mau gosto, que torceram o nariz ou acharam falta de decoro do nosso Comitê Olímpico ter escolhido bermudas e chinelas de uma certa marca conhecida como uniforme para os atletas da nossa delegação.
Gostei. Achei pertinente, aliás. Momentos atípicos, jogos que deveriam ter ocorrido um ano antes, em que a plateia, quando há, é minúscula, pedem algo tão inusitado quanto a situação. Pois os estilistas acertaram na mosca. Nossos atletas vestiram despojamento, leveza e, acima de tudo, brasilidade.
Gostei bastante de ver o Galvão Bueno exibir suas chinelas, também, numa bem pensada ação promocional. Divertido.
Num ano em que alguns esportes, antes reduzidos às ruas e praias, como o surf e o skate, nos quais o Brasil se destaca honrosamente, foram promovidos a esportes olímpicos, ficou até de bom tom.
De minha parte, achei ótimo livrar os nossos atletas daqueles indefectíveis blazers e gravatas que mais os fazia parecer políticos do que jovens esportistas.
Ao tirar a formalidade dos uniformes, deixou-se à vista apenas o que realmente importa: os sorrisos, a emoção, a simpatia daquelas pessoas que esperaram tanto para estar ali. E foi isso que ficou visível. E me bastou.
Quero crer que a belíssima esfera formada por drones tenha sido mais relevante do que a polêmica criada em torno da escolha estética da nossa delegação em Tóquio.
A performance do drones, achei linda, emocionante, surpreendente.
A aparência dos nossos representantes, achei autêntica, divertida, a cara do Brasil. Aquele Brasil, lembra? Que tinha o Garrincha, depois o Romário, recentemente o moleque Neymar. É, eu sei, você nem deve lembrar mais, né? Estou falando de uma época em que nem os técnicos brasileiros usavam terno e gravata. Deu até saudade.
Na verdade, eu acho que o Brasil é mais Brasil mesmo quando está de chinelos.

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