O educador francês Pierre de Frédy (1863-1937), mais conhecido como Barão de Coubertin, o nobre que revitalizou os Jogos Olímpicos na Era Moderna a partir de 1896, dizia: “O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade”.
No entanto, isso valia apenas para homens. As mulheres não podiam participar. Se quisessem assistir à festa, teriam que ficar do lado de fora, nas arquibancadas, aplaudindo os atletas que recebiam medalhas. E olhe lá! Participar das competições, nem pensar: “Não são cenas que multidões gostariam de ver nos Jogos, não teriam apelo nem interesse”, dizia Coubertin.
Essa visão do Barão foi duramente criticada por sua misoginia. Ele até considerou a possibilidade de uma competição só para mulheres, mas logo desistiu: quem teria interesse em ver mulheres correndo, saltando, nadando ou arremessando peso? Que horror! Ele acreditava no “sexo frágil”.
Em 1896, em Atenas, nos primeiros Jogos da Era Moderna, só havia competidores homens. Já nos Jogos seguintes, justamente em Paris, permitiram a participação de 22 mulheres, num evento com 990 homens. Paris sempre foi pioneira.
Muitos anos depois, em 1960, em Roma, um a cada dez atletas era mulher. A participação feminina começou a crescer, ainda que devagar.
Para encurtar a história, apenas em 2012, em Londres, o fato extraordinário se deu: pela primeira vez, todos os países participantes enviaram mulheres em suas delegações – 46% dos atletas, cerca de 4.800.
Agora, em Paris, a paridade. Algumas delegações levaram mais mulheres do que homens. Os Estados Unidos, por exemplo, o país que mais ganhou medalhas em todas as Olimpíadas, embarcou para a Cidade Luz com 314 mulheres e 278 homens a bordo. Vale registrar que entre os americanos as mulheres ganharam mais medalhas que os homens nos últimos quatro jogos. Até o Brasil entrou nessa onda, com 277 mulheres atletas (55% da delegação).
Em Paris, mais de 5 mil mulheres estarão competindo.
Barão de Coubertin, o importante é competir, certo? E com dignidade.
Viva as mulheres! Viva Paris!
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Leonel Prata
Publicitário, jornalista, escritor e editor. Fissurado em esportes desde criança, quando colecionava a extinta Revista do Esporte e ganhava prêmios (em dinheiro) nos programas da Rádio Piratininga de Lins (SP), cidade onde nasceu, respondendo pelo telefone perguntas sobre futebol. Adulto, já em São Paulo, editou a revista Saque (voleibol), para sua própria editora, e as chamadas revistas masculinas (Homem e Privé, entre outras) para a editora Três, em que a atividade física, no caso, era outra.
Por outro lado, entre outras coisas, organizou, editou e é um dos autores das antologias de contos "Damas de Ouro & Valetes Espada - Crônicas do Baralho” e "Damas de Espada & Valetes de Ouro - Memórias Embaralhadas". Autor do romance "Embaúra" e das biografias "As Fugas e o Destino do Alemão Siegfried”, com tradução para o idioma alemão, e “Vida Complicada, Mas Tudo Bem!” Sua obra mais recente é o livro de crônicas “Sem Eira Nem Beira”.
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