Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais

Uma das coisas mais legais que ouvi nestes Jogos Olímpicos foi a Pia, técnica do futebol feminino, tocando e cantando “Tu vens”, do Alceu Valença, música que aprendeu no convívio com nossas atletas, com os brasileiros que desconhecia. Que mulher incrível, essa Pia! E ainda tem gente que pensa que lugar de mulher é na pia, na outra, a da desvalia.
Nunca como agora as mulheres disseram a que vieram. As belas, fortes, velozes, guerreiras, determinadas, sensíveis, jovens ou experientes, esperançosas, orgulhosas, resistentes, resilientes.
A mulher brasileira, assim constituída ou assim assumida, deu lições sem conta, com ou sem medalhas no peito. A brasileira e a estrangeira também. Porque teve a italiana naturalizada, e teve a Pia. E houve todas as mulheres do mundo.
Quando a Pia cantou, minha alma se viu invadida por uma emoção que há tempos não sentia: a esperança. Entrevi em meio ao refrão do “Tu vens” um sinal de que a escuridão não durará pra sempre, a tristeza um dia findará, os novos tempos estão batendo à porta. E neles o esporte voltará a ser incentivado, o atleta valorizado, os valores da solidariedade, da empatia, da irmandade humana, que os Jogos Olímpicos tão bem simbolizam, recolocados em seu devido lugar.
Porque o Brasil não é isso, o brasileiro não é isso com que quase nos acostumamos diante do lixo institucionalizado. Não somos vira-latas. Somos o Brasil, rocambole!

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