Dourado, a cor do pecado

Ela acordou naquele dia com a certeza de que encontraria alguém que a merecesse. Vestiu-se com um longo dourado, que a deixou exuberante. Queria alguém que pudesse carregá-la, amorosamente, para sempre.

Ele sonhava com alguém como ela, ao seu modo, desde criança, no início timidamente, mas na vida que segue, sobretudo nos últimos quatro anos, ardorosamente. Esteve na companhia de algumas rainhas, uma delas bronzeada, mas nada que o fizesse esquecer a sua amada.

O encontro foi marcado numa baía ensolarada. “Bom dia, minha amada, sou Isaquias. Esperei por você toda a minha vida. Te carregarei no meu peito, enfim, pela eternidade”. Ela, vendo a forte emoção do seu amado, não se conteve: lançou-se sobre ele, cingindo-se, como um colar, sobre o “corpo moreno, cheiroso e gostoso que você tem. É um corpo delgado, da cor do pecado, que faz tão bem”.

Entrelaçados, trocaram afagos, e Isaquias lhe deu a primeira de muitas mordidas. Foi quando ela sussurrou: “Eu, nem sei nem porque, só sinto na vida o que vem de você”.

Houve uma explosão de fogos em outra Bahia. Uma correria de crianças pela periferia. A dourada de Izaquias os unia.

Foi o que se viu naquele dia.

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