QUANDO SER O SEGUNDO MELHOR DO MUNDO NÃO BASTA

Era para estar radiante. Lutou durante muitos anos para estar ali, no olimpo, sendo assistido por milhões de pessoas ao redor do planeta, no maior evento esportivo da humanidade. Quando acabou a sua luta, ele estava em lágrimas. Não eram lágrimas de emoção pela vitória, embora tivesse cumprido a sua mais sagrada de todas as promessas: a de colocar uma medalha olímpica no pescoço do seu filhinho, que estava presenta nas arquibancadas no colo da mãe. Entre lágrimas e soluços, explicou: “Eu lutei muito para estar aqui, fiz uma promessa ao meu filho de que iria colocar uma medalha no pescoço dele…” E continuou seu choro de visível decepção consigo mesmo. Até lembrou de que a promessa não fora quebrada e emendou a fala: “Se bem que eu ainda vou dar uma medalha a ele.” E novamente caiu em prantos.
O segundo maior lutador de judô do mundo estava humilhado. Tinha perdido a luta de sua vida, contra o pior, o mais feroz, o mais difícil, o mais terrível de todos os inimigos do homem: ele mesmo.
Nós, que vivemos em um mundo onde fechar o mês no azul já é uma vitória sobre-humana, não entenderíamos a dor desse predestinado a ser o campeão do mundo. Mas podemos tirar daí uma lição extremamente importante. A de que, para ser bom, você precisa desejar ser sempre o melhor. É na sua meta final que está a qualidade de sua caminhada. Willian Lima mirava o ouro olímpico. Suas lágrimas foram por não ter chegado exatamente aonde estavam seus objetivos. Mas a sua maior glória foi ter chegado aonde chegou, exatamente por não ter se preparado para ser o segundo. Ser o segundo do mundo é resultado de sua firme convicção de poderia ser o primeiro. Mais uma lição de vida que nos deixa um atleta olímpico.

Compartilhar:

Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.