As primeiras memórias que tenho dos Jogos Olímpicos são de Barcelona-92. Aos 7 anos, fiquei inebriado com o Dream Team de Michael Jordan e companhia, me emocionei com o ouro inédito do nosso vôlei masculino, celebrei as medalhas de Gustavo Borges e Rogério Sampaio e me apaixonei de forma implacável pelo universo dos esportes e do olimpismo.
De lá para cá, todas as edições olímpicas me marcaram fortemente. Em 1996 e 2000, adolescente, passava manhãs, tardes, noites e madrugadas acompanhando cada modalidade. Em 2004, em meu primeiro ano na faculdade de Jornalismo, assisti aos Jogos de Atenas com olhar de quem ansiava escrever sobre o tema durante a carreira. Em 2008, já formado e trabalhando como repórter, fazia jornada dupla na redação durante o dia e virando madrugadas para não perder nenhum detalhe do que acontecia na China.
Em 2012, vi os Jogos de Londres me dividindo entre um olho nos textos para os clientes da agência em que trabalhava e outro na TV. 2016, claro, tem espaço mais do que especial no meu imaginário. Além de ter ido ao Rio para acompanhar algumas competições ao vivo durante o primeiro fim de semana de disputas, escrevi dezenas de matérias sobre aquela edição para clientes.
Nesta linha cronológica de Vida x Olimpíadas, Tóquio-2020 (que aconteceu em 2021 por conta da pandemia da Covid) é divisor de águas. Tirei férias do trabalho no período dos Jogos para me organizar entre a torcida pelos atletas e os cuidados com o Martin, meu primeiro filho, que nasceu em fevereiro daquele ano. Durante a manhã e a tarde, era hora de trocar fralda, dar banho e brincar com ele. De noite e de madrugada, vibrava e sofria com nossos atletas. Aproveitei que pai de recém-nascido dorme pouco e quase não preguei os olhos neste período. Entre uma acordada e outra na madrugada, Martin acompanhou do meu colo o ouro de Ítalo Ferreira no surfe, a prata da fadinha Rayssa Leal no skate e muitos outros momentos históricos.
Coincidências do destino, Paris-2024 também ficará marcada por uma nova vida na família. Meu segundo filho, Caetano, vai chegar durante os Jogos. Mais uma vez será uma Olimpíada com choros, fraldas, brinquedos e muito pouco sono. Não poderia ser melhor. No futuro, quando refizer essa cronologia, sempre terá o momento em que deixei de ser um espectador solitário e passei a ter mais dois companheiros para assistir esta delícia que é o mundo olímpico.
Por mais que nenhum dos dois vá guardar lembranças dessas primeiras experiências olímpicas, tenho certeza que a sementinha do amor ao esporte está plantada. No futuro vamos comemorar muitas medalhas juntos. E, caso eles queiram, quem sabe um dia podem até participar de uma Olimpíada? Sonhar não custa nada.