Hoje, dia 01 de agosto de 2024, em Paris, uma brasileira negra foi coroada a melhor ginasta olímpica do mundo.
Rebeca Andrade deu uma cambalhota nas estatísticas, saltando sobre as adversidades de um país pobre, e venceu o preconceito de um esporte até então dominado pelas pequenas branquinhas. É certo que há algum tempo a pele negra tem ousado adentrar os ginásios outrora elitistas, com a querida Daiane se intrometendo, sonhando e quase chegando ao topo. É certo que Rebeca tem apenas 1,55m, mas é gigante.
Superou a síndrome do cachorro vira-latas, deu um twist naquela mania tupiniquim de falhar na hora agá. Rebeca foi soberana, desfilou seu sorriso e seus movimentos, precisos. Nem mesmo chorou ao chegar ao topo. As maiores não choram, pois sabem que aquele é o seu lugar de direito.
Rebeca não tremeu, não se desconcentrou, não hesitou nem se desequilibrou. Mentalmente. Porque uma sambadinha ali naquela trave minúscula não conta, não é? E não contou mesmo, pois foi quase perfeita em todos os outros aparelhos. Cravou no salto, girou nas barras fazendo meu meus pensamentos rodarem, rodarem. De onde veio essa menina, para fazer tudo isso?
Mas foi no solo que Rebeca se firmou como a maior. Foi majestosa ao levar seu baile da favela ao grand monde. E, sobretudo, Rebeca Andrade foi fria como só as grandes campeãs conseguem ser. Impávida entre aquelas que outrora mandavam no jogo, serena frente aos olhos de todo o mundo. O meu coração saindo pela boca nas sequências de saltos e a menina vem e diz que o dela nem acelerou. Não esnoba, mulher!
Se ontem Rebeca liderou um grupo de brasileirinhas talentosas como a improvável terceira força da ginástica olímpica mundial, hoje ela mesma se colocou no lugar mais alto, sendo a mais completa, a melhor ginasta do mundo. E negra!
Mas Márcio, e a Simone Biles? Você não viu?
Claro que vi! E amei!
Mas é tão óbvio que eu não deveria ter que falar:
Simone não é a melhor do mundo, é de outro planeta.
Simone não é negra, é dourada!