No dia quatro de agosto, por volta das 10 e meia da manhã, levanto-me, vou até a cozinha e passo o café enquanto lavo a louça da noite anterior. Nesse meio tempo, pego o telefone e coloco em um canal de esportes qualquer. Para ser honesto, as Olimpíadas têm dessas coisas. Em um momento trivial de um domingo matinal , o telespectador acaba vendo feitos heroicos diante de seus olhos, enquanto passa manteiga no pão e prepara um ovo mexido. Nessa despretensiosa manhã, acompanhei com muita felicidade o honroso feito de Francisca Crovetto no tiro esportivo, modalidade Skeet feminino, ou tiro ao prato com espingarda, numa linguagem mais popular. Entendo algo de tiro? Não. Mas era uma chilena contra uma britânica e uma americana. ‘Los de abajo siempre’. E conforme ia terminando as atividades na cozinha, Francisca, pouco a pouco, se aproximando do panteão, da elite, da glória eterna, do posto mais alto que um atleta olímpico pode atingir. E ela conseguiu. Crovetto não foi apenas a única medalhista de ouro por seu país, até agora, nessas Olimpíadas. Ela foi a primeira mulher a ganhar o ouro em qualquer modalidade. Havia 20 anos que o Chile não conquistava uma medalha de ouro e, numa manhã de domingo, entre a cozinha e o sofá, vi, com um largo sorriso, o feito da chilena Francisca Crovetto.
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Marcelo Viana Araújo Filho
Marcelo Viana Araújo Filho é doutorando em história, apaixonado por esportes e que encontra na literatura um refúgio muito necessário. Adora o calendário em ano de Copa do Mundo ou Olimpíada e não perde, de forma alguma, um jogo do seu time do coração: O Fluminense F.C.
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