Vou fazer a festa

Jogos Olímpicos de Seul 1988, Barcelona 1992 e Rio 2016. O que isso tem a ver? Quase cheguei lá. Não como atleta – sempre foi o meu sonho, batendo recorde mundial de natação, ganhando medalha de ouro, ouvindo o hino nacional e sorrindo na parte mais alta do pódio ainda com os cabelos molhados –, mas como jornalista ou turista ou as duas coisas.
Desde que comecei a me interessar (e acompanhar) esporte pelo Brasil e pelo mundo, meu desejo sempre foi assistir a uma Olimpíada. Além das disputas entre os maiores atletas do planeta, tem as festas. Festas para todos os gostos e cantos das cidades escolhidas para sedes da competição, mistura de povos e culturas. O mundo inteiro reunido num só lugar pra festejar o esporte, dançar, comer e beber. Diversão pura. Sempre foi assim.
Em 1988, editava a revista Saque, de esportes. Para cobrir aos Jogos de Seul, solicitei credencial junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI) , que me pediu para aguardar um pouco. Já comecei a viajar por conta. Passei a pesquisar todos os folhetos que catava nas agências de viagem com as atrações turísticas e gastronômicas da capital coreana, me matriculei no Cel.Lep para um curso intensivo de inglês pra não fazer feio no evento. Já me sentia passeando pelos espetaculares jardins do Palácio Gyeongbokgung, caminhando às margens do Rio Cheonggyecheon Stream – restaurado, exemplo de revitalização urbana bem-sucedida (deviam fazer o mesmo com os rios de São Paulo e das outras grandes cidades do pais, mas isso é uma outra história). Até já tinha reservado um troco para as compras no Mercado de Gwangjang, um dos mais tradicionais, antigos e maiores da Coreia, famoso por sua comida de rua autêntica, tecidos e roupas. “Experimente o bindaetteok (panqueca de feijão-mungo) e o mayak gimbap (rolinhos de arroz viciantes)”.
Esperei um tempão a credencial que não veio. Disseram que as poucas ainda disponíveis foram para um pessoal de última hora da Globo. Assisti aos Jogos e conheci Seul pela televisão. Pela Globo.
Para Barcelona 1992, estava lá como turista, uma semana antes de começarem os Jogos, ingressos esgotados. Cheguei a ir até ao Estádio Olímpico, hermeticamente fechado, pra sentir o clima. E o guardinha não me deixou de “jeito” maneira entrar pra fotografar o lugar que daqui a sete dias certamente aconteceriam com certeza recordes e recordes mundiais. Fotografei a arena vazia por uma fresta do portão quando o segurança se distraiu. Em compensação, fui ao vivo na Sagrada Família, no Parque Güell e na Casa Batlló, obras do genial Antoni Gaudi, e ainda dei um passeio pelo Barri Gótic, tomei cerveja e saboreei a culinária catalã em La Rambla… O Camp Nou estava cerrado para reformas. Mais: fiquei em um hotel de frente para o mar numa das lindas praias de Barcelona banhada pelo azul Mediterrâneo. Tive que sair no sábado anterior ao início dos Jogos – a diária seria três vezes a que eu estava pagando, que não era pouco, e os hotéis da cidade e região já estavam lotados havia meses.
Sem Seul e Barcelona, outra chance de participar ao vivo das festas dos Jogos Olímpicos foi no Rio 2016. Logo ali. Mas aí eu já não tinha mais revista Saque nem paciência pra ficar pendurado no computador de madrugada pra tentar comprar ingresso. Nem pra procurar lugar pra ficar na Cidade Maravilhosa. As belezas do Rio de Janeiro e das cariocas, já conheço de outros carnavais.
Agora, Paris.
Paris sempre foi uma festa, né?
Pois é!
Vou fazer a minha por aqui mesmo. Escrevendo.

Compartilhar:

Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.

Crônicas Recentes.