Hoje o dia em Sampa amanheceu osso. Frio e chuva ninguém merece. Por isso, deixei de lado meu treini matinal e resolvi dar um pulo até Paris. Ah, Paris! Capital do século XIX, desde sempre a Cidade Luz. Já ouvi dizer que os subterrâneos não são totalmente conhecidos: você pode quebrar uma parede subterrânea e se deparar com uma rede de túneis até então desconhecida. Ah, Paris, onde Mito e Razão caminham paralelamente.
Em meio a esse astral de mistério e encantamento, disfarcei-me de flanêur e iniciei um breve passeio por algumas arenas onde as provas estão ocorrendo. Foi bom ver o Egito ganhar da poderosa Espanha. Legal ver os africanos desafiando potências do futebol – quem seria capaz de profetizar tal proeza 50 anos atrás? O 4º lugar do Marrocos na última Copa do Mundo é significativo. No futebol, os africanos já podem dizer: sim, nós podemos! Hoje a Espanha sentiu no lombo a força dos africanos e não foi casual.
…e fui correndo ver as moças do vôlei de praia, Carol e Barbara! Uau! Passaram pelas lituanas com alguma tranquilidade. Deram um passo, mas ainda tem uns quilômetros pela frente.
Não podia deixar de ver a equipe de ginástica olímpica, pura magia, embora nós leigos tenhamos sérias dificuldades em compreender as regras de pontuação. Para mim, aquelas garotas que atuam o tempo todo no limite técnico e físico, ganham nota 10 só por executar aqueles exercícios, em quaisquer dos aparelhos ou no solo. Aquelas meninas são deusas do Olimpo, fazem coisas impossíveis, inacreditáveis. Realizam milagres, parecem levitar, pairam no ar. Custa crer que aqueles movimentos de leveza e de força são resultado de um igualmente inacreditável regime de treinamento, inconcebível para nós, mortais comuns. Quatro anos atrás o mundo descobriu estarrecido que as meninas são seres humanos de carne e osso quando a super campeã , americana Simone Biles abandonou a competição ao não suportar a pressão psicológica. Quem tiver curiosidade, recomendo o documentário A Volta de Simone Biles.
A despeito das americanas terem conseguido o Ouro por Equipes, o Bronze que as brasileiras conseguiram comandadas pelo fenômeno Rebeca Andrade também valeu Ouro. Foi uma caminhada íngreme onde não faltaram pedras e espinhos. Houve queda, houve sangue, houve erro. E houve perfeição. A ginástica olímpica brasileira alcança o Panteão das Potências Olímpicas e coroa um longo trabalho. Não vou citar nomes para não cometer injustiças, mas o Ouro individual que Rebeca conquistou em Tóquio e o Bronze conquistado hoje em equipe é resultado de um longo e persistente trabalho que atravessa gerações. Quem diria 50 anos atrás que a Ginastica brasileira estaria hoje entre as melhores do mundo?
Valeu a pena ter ido hoje cedinho para Paris e se emocionar com o riso e as lágrimas de nossas vitoriosas meninas.
Yes, nós também temos Ginástica Olímpica!!!
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Joel Silva
Paulistano do interior - nascido na Grande Jacipora, da qual faz parte Junqueirópolis, Presidente Prudente e Dracena. A arte de caminhar é seu esporte preferido. Autor d'A Invenção da Palavras, está ameaçando seus leitores com a publicação de outro livro (caso não dêem bola para estas crônicas!) Santista por convicção, finalmente concordou que time grande também cai de divisão... Ah, o livro bomba vai se chamar O Presidente Quê Burlou o Golpe.
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