PARALIMPÍADA CIDADÃ!

O lema do Barão Pierre é mais do nunca evocado. “O Importante É Competir” é um verdadeiro libelo na necessária busca da paz e fraternidade entre os povos. Como sempre, faço dele o meu mantra! No exato momento em que escrevo alguém padece em algum lugar do mundo os horrores da guerra, da fome, das múltiplas intolerâncias que assolam a humanidade.
Não é que o importante seja apenas competir; é importante ganhar; a voz daquele que ganha pode ter outro alcance.
O lema do Barão se torna mais pertinente quando da realização dos Jogos Paralímpicos. Porque nesses Jogos uma parcela importante da humanidade ganha visibilidade. Visibilidade que, a bem da verdade, não se dá apenas durante os Jogos, mas na sociedade como um todo. Finda a competição, todos voltam para o dia-a-dia e a luta correspondente. Os atletas que lá estão para a disputa esportiva são porta-vozes da importante parcela da humanidade que muitos sequer lembram que existe. Melhor dizendo, são embaixadores exemplares não apenas dos deficientes, mas para todos nós.
Praticar esportes não é coisa fácil. Como disse certa vez o Dr. Dráuzio Varella num texto primoroso, “correr é gostoso quando acaba” e isso é a pura verdade. Não adianta usar argumentos suspeitos dizendo que praticar esporte “dá barato”, porque não dá, por mais agradável que seja o ambiente esportivo e por mais que sinta prazer na prática. No mais das vezes, praticar esporte é conviver com dor e solidão, especialmente em esportes de alto rendimento. Quando você termina o exercício – sempre dentro do seu limite – aí, sim, a sensação realização é indescritível!
Eu sou um entusiasmado praticamente de corrida. Houve tempos em que competi pra valer, mas cheguei a certos limites causados por DNA (Data de Nascimento Antiga) que recomendaram respeitar limites.
Meu dia começa depois do treino! A corrida é meu ponto de partida diário, que converto na seção de análise, pois ninguém é de ferro. Mas não é todo dia e toda hora que é me sinto bem disposto! Por vezes o começo do treino é um saco, mas nessas horas penso daqueles e naquelas que gostariam de estar em meu lugar e não podem! E penso nesses irmãos e irmãs que desafiam o improvável.
Hoje de manhã ouvi no rádio uma entrevista do jogador de Futebol de Cinco (para deficientes visuais) o Ricardinho. Além de ser um atleta profissional, ele pode ser chamado, com justiça, um apóstolo da atividade esportiva para todos. Mandou um recado à quem tem em casa uma criança com alguma deficiência, que procure os centros esportivos, que existem , embora não seja na quantidade desejável. É isso aí, Ricardinho! Viva a vida!

Em tempo: eu gostaria imensamente que o sucesso dos atletas paralímpicos, de todos os países, correspondam ao cuidado que se deve ter com as pessoas com deficiência. Ter condições de mobilidade é um exercício de Cidadania. As ruas e avenidas centrais de nossos bairros, especialmente os centrais, oferecem condições de ir e vir. Porém, a regra não é essa: na maioria dos bairros periféricos sequer tem calçada onde um cadeirante possa exercer seu direito de ir e vir…

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