FESTA EM PARIS

Os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo são os dois maiores eventos esportivos a nível global. Entre os dois, prefiro as Olímpiadas, apesar de minha paixão pelo futebol. Ocorre que em termos de futebol, mudei meus conceitos. Sempre achei, desde os tempos em que jogava nos campinhos de terra do interior, que o futebol poderia ser uma metáfora, emprestando a palavra aos eruditos, aos poetas: futebol é lírico!
Ou era, pois o futebol mudou muito. Não sei como nem porque ou em quê, mas mudou. Ficou sério ou debochado demais e assim perdeu seu aspecto lúdico. Prefiro os Jogos Olímpicos porque eles ainda conservam algo de uma certa pureza original – pelo menos na maioria das modalidades. Os Jogos Olímpicos com suas explosões de raiva, de tensão, chôro ou mesmo tretas, como aquela ocorrida entre as canadenses e as brasileiras na final do vôlei de praia humaniza atletas e torcida. Só não gosto do monopólio em determinados esportes, pois isso empresta uma aura de superioridade que é contrário ao espírito dos Jogos. Principalmente quando são favorecidos com a velha ladainha “na dúvida, pró mais forte, sicrano ou beltrano”, como foi o caso do pênalti não marcado contra os Estados Unidos na final contra o Brasil, aos 20 minutos do primeiro tempo. Claramente a defensora americana atingiu as pernas da brasileira antes da bola. Pareceu haver recomendação do VAR, mas deixaram nas mãos da juíza que… nem quis ver! Se fosse ver, marcaria, pois foi claro!
Em tempo: nada dá certeza que o pênalti seria convertido. Nem que a marcação do gol as impedisse de virar o jogo. Mas também poderia mudar a história do jogo! As americanas estavam incomodadas com o atrevimento do Brasil, como aconteceu contra a Espanha. Ficou a sensação de que fomos prejudicados. A superioridade delas fica sob suspeita, fica uma incomoda sensação de injustiça. Mas nossa seleção tem todas as razões para se orgulhar. Foi um feito extraordinário. Merecem aplausos!
Aplausos para as garotas do Volei de praia. Representam muita gente!
Aplausos para o vôlei de quadra, a melhor seleção do torneio, que não precisa de ajuda de arbitragem. Bronze de ouro.
Aplausos para Bia, do boxe, desdenhada pelo técnico, que menosprezou sua medalha. Não sei o nome do técnico, nem quero saber. Ele não entendeu nada, como diria Caetano Veloso!
Aplausos ao Piu, ao Netinho, ao Isaquias, a Raissa, Laissa, Augusto Akio, Caio Bonfim, a todos e todas que fizeram uma festa em Paris. Como se deve!
Atenção ao fato inequívoco de as medalhas de ouro terem sido obtidas por mulheres! Será que alguém ainda tem dúvida? Será que algum de nós, homens, ainda não percebeu que é chegada a vez delas, mulheres?
Começa a Era do Matriarcado, como profetizou a personagem Tókio, interpretada por Úrsula Corberó em La Casa de Papel! O convencido Berlin (Pedro Alonso) que o diga!!!!

Compartilhar:

Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.