Então tipo assim tá ligado ? Soam tão onipresentes interjeições onomatopéias modos cumprimentos exclamações formas de vida afectos : tanta coisa mudou desde o carinho de rolimã eu que sou do tempo de ´´Mamy Blue´´ por Ricky Shayne…. ultimamente sim os skatistas vão ganhando status de burguesia pela Berrini & Augusta: excentricidades de mauricinhos do silício sampauleiro talvez algum alíbi para tanta desigualdade reinante. Mas o skate mesmo das quebradas onde se faz a melhor poesia nunca foi bem visto assim como o verso e rima. Surfistas eram os rapazes lindos cabelos oxigenados de Santos & Guarujá por lá moradores e descidos da Serra: havia sim amalgama social entre alguns abonados ratos de praia dia de semana com outros que passavam-lhes parafina ou coadjuvavam algum serviço avulso para ter acesso as boas pranchas e melhores ondas . Algum baseado a simpatias das garotas certo charme urbano casado com o culto matutino pela natureza escaldante. Mas da mesma forma surfistas & skatistas nunca foram bem vistos herdando sem a lira a maldição da poesia. O skate diga-se é mais pra cá das contas , o surf já centenário hábito de gajos endinheirados filhos do senhores do café paulista ou de empresários anglo-saxões radicados entre Sampa e o cais santense assim como a vela nasceria na Guarapiranga. Nós os poetas continuamos os ´fodidos felizes´ da história sem medalha para embalar : quem diria o surf velho de guerra e o skate das lombadas quebrando-se pelo mundo até chegar ao pódio nesse Olímpo pós-modernoso reconhecido quem sabe não tenham perdido a aura o charme de marginália? Confesso tenho medo que meu ofício e pena de bardo tenha o mesmo destino platinado dos desportos siameses: sim porque o surf & skate ainda guardam um lirismo das esferas , a plasticidade abstrata, um gozo de vida última dentição existencialista cabelo ao vento sem compromisso …. a poesia retêm a láurea de ser não-olímpica ainda que cante suas belezas….
Compartilhar:
Flávio Viegas Amoreira
Escritor, poeta, contista, romancista, dramaturgo e jornalista. Nascido em Santos em 1965, atua como agitador cultural em São Paulo, Rio de Janeiro e Litoral Paulista em projetos de discussão de temas ligados a artes de vanguarda, saraus poéticos e oficinas de criação literária. Já lançou 14 livros entre eles: “Maralto”, “A Biblioteca Submergida”, “Contogramas”, “Escorbuto, Cantos da Costa”, “Edoardo, o Ele de Nós”, “Oceano Cais”, “Desaforismos”, “Pessoa doutra margem”. Também participou de diversas antologias de poesia e conto, incluído a “Geração Zero Zero”, antologia que reúne os mais inquietos e inovadores autores lançados na primeira década do século XXI e organizada pelo crítico literário Nelson de Oliveira. Escrevendo para teatro, cronista, atuante em redes sociais com criação literária online e arte digital, Flávio Viegas Amoreira é considerado um dos mais ativos escritores paulistas e agitadores intelectuais da Novíssima Literatura Brasileira.
Crédito da foto: Isabel Carvalhaes
Todas as crônicas
Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.
Crônicas Recentes.
Caio Junqueira Maciel
08/09/2024
José Guilherme Vereza
06/09/2024
Joel Silva
05/09/2024
Caio Junqueira Maciel
05/09/2024
Borny Cristiano So
03/09/2024
Caio Junqueira Maciel
03/09/2024
Caio Junqueira Maciel
02/09/2024
Daniella Cortella
31/08/2024
Fátima Gilioli
29/08/2024
Toninho Lima
29/08/2024
Alexandre Brandão
29/08/2024