Ouro que é ouro nem sempre precisa ser olímpico

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Ah, os números! Mais de 10 mil atletas olímpicos nesta edição dos Jogos em Paris: 5200 homens e 5200 mulheres para 329 eventos. E as medalhas? Podem variar de 980 até o máximo de 1.300 entre ouro, prata e bronze, esportes individuais e coletivos. Números que, convenhamos, não chegam nem perto do que significam os Jogos Olímpicos.

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Vejamos. É inequívoca a grandiosidade de um evento onde milésimos de segundo são capazes de separar o ouro da prata, como aconteceu na corrida de 100 metros rasos. Na definição do homem mais rápido do mundo, o norte-americano Noah Lyles e o jamaicano Kishane Thompson completaram a prova em 9,79 segundos. O tira-teima foi definido no photofinish, com a diferença exata de cinco milésimos, isso mesmo, 0,005 segundos.

Ainda na pista de atletismo, porém longe de um tempo que vale o ouro olímpico, o brasileiro Rafael Pereira venceu a segunda repescagem dos 110 metros com barreiras numa prova em que os três primeiros colocados fizeram os mesmos 13,54 segundos. Dois milésimos de segundos no photofinish. 0,002. Click.

Não foi seu melhor tempo. Sua inspiração? Chegar a uma final olímpica. Click. A mesma inspiração da brasileira Valdiléia, que disputou o salto em altura. Sua alegria era incontida mesmo depois de ter abandonado a prova por lesão. Sorridente, frente a frente com os jornalistas, ela deu o motivo: aos 34 anos obteve o seu melhor resultado da vida saltando 1,92 metros e igualando o recorde brasileiro de Orlane Santos, que perdura desde 1989. Uma marca que resiste por 35 anos e que conta a silenciosa história da modalidade no país.

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Vitória pessoal de um lado, fracasso homérico aos olhos dos eternos descontentes, afinal, tem atleta que nunca vai chegar lá, não tem estrutura, isso e aquilo – brada a turma do óbvio! Mas eu lhes digo: ouro que é ouro nem sempre precisa ser olímpico. Click.

Superação dos próprios limites, click, o atleta em Paris.

Pose para a foto. Click. Desde a infância.

O suor, a lágrima.

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A dedicação incansável.

Click. A respiração ofegante. Os músculos tensos.

A melhor marca pessoal.

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E a pergunta:

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Onde mora o ouro que não se pendura no peito?

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