O árbitro que não deu o apito final

Ah, as Olimpíadas! O evento que celebra a excelência esportiva, e… bem, eis que surge a nova habilidade de transformar um jogo de futebol em uma bizarrice sem tamanho e com direito ao gol de empate da Argentina ser anulado duas horas, isso mesmo, DUAS HORAS depois de um jogo supostamente encerrado.

Só que o árbitro não deu o apito final.

Repita comigo: o árbitro não apitou o fim da partida. A torcida deu por encerrada, os jogadores de ambos os times deram por encerrada, a organização do evento deu por encerrada a partida que voltaria aos gramados DUAS HORAS depois para então o VAR dizer ao que veio e entrar em campo. Longa vida ao VAR (contém deboche).

Você já viu isso? Nem eu!

Imagine a cena: Paris, a Cidade Luz, prestes a sediar os Jogos Olímpicos de 2024. O mundo aguarda ansioso pela cerimônia de abertura quando o futebol resolve iniciar a festa mais cedo. Argentina e Marrocos entram em campo e, pum, o jogo já começa com o hino argentino sendo vaiado. Ah, o charme marroquino!

O placar vai se construindo: Marrocos 2, Argentina 0. Tudo tranquilo, não é? Claro que não. Estamos falando da Argentina, que diminui fazendo 2 a 1. E, veja bem, segue o fio: lá nos generosos acréscimos de 15 minutos, repita comigo, nos 15 longos minutos de acréscimo – e porque aparentemente o árbitro sueco sei lá o quê, você sabe? -, os argentinos empatam no minuto final. Grave bem essa informação, no minuto final do acréscimo de 15 minutos do árbitro sueco que sei lá o quê!

2 a 2! Explosão de “ufa” da Argentina! Invasão de campo! Oi?

E assim, senhoras e senhores, começa a grande show de comédia das Olimpíadas. Passada a confusão e com os jogadores já nos vestiários, todos vão embora. TODOS. Torcedores, jogadores, gandulas, pipoqueiros. Não tem mais ninguém em campo, nem no estádio.

Só que o árbitro não deu o apito final.

Repita comigo: o árbitro não deu o apito final.

Duas horas depois – DUAS HORAS! – lá vem ele: o árbitro que não deu o apito final porque todo lance de gol precisa ser validado pelo VAR. Este, por sua vez, anulou o gol de empate da Argentina – penso eu – depois de muita negociação, alguns croissants e talvez um café sueco bem forte. Toda situação ocorreu com os times de volta ao campo de um jogo que já era pra ter sido, que não foi, com um árbitro sei lá o quê e um VAR que, valha-me Deus, em alto e bom tom: tem impedimento aí!

2 a 1.

Só porque o árbitro não deu o apito final.

E lá vamos nós terminar o que já tinha terminado, agora diferente. Vamos lá para os três minutos de um jogo que já era, mas não foi porque o VAR deixou de fazer o que o tinha que ser feito e que isso aconteceu por pura ironia já que ele próprio ficou impedido por uma porção de objetos foram arremessados em direção ao campo e da invasão dos torcedores no gramado.

Você entendeu alguma coisa? Nem eu.

Aliás, eu só soube disso tudo no dia seguinte.

E, bem, se o tempo é relativo, o VAR é absoluto, o juiz, o que é?

Ora! Vamos manter o foco aqui, por favor!

Foi assim, num estádio vazio e depois duas horas e três minutos de um jogo ido que não foi, que se deu o apito final.

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