Barreiras de um cotidiano

Chico, todo dia ela faz tudo sempre igual. A nossa trabalhadora salta da cama às seis da manhã. Engole um café às pressas, e depois de duas horas no ônibus, salta no terceiro ponto da avenida dos bancos.
E após cinco horas e meia de um árduo expediente, salta os olhos sobre a marmita requentada porque é preciso combater a fome para resistir às próximas cinco horas finais de trabalho para, de volta ao lar, saltar na cama para o merecido repouso.
Na rotina da vida da brasileira, do brasileiro, sabemos, há muitas barreiras, muito mais do que aquelas presentes numa pista de corrida, não é mesmo Alison?
Alison dos Santos é um atleta, que já criança teve que superar obstáculos maiores que as barreiras da pista olímpica onde conquistou há pouco a sua medalha de bronze, aos vinte anos de idade, uma corrida que começou quando ainda menino no projeto social do Instituto Edson Luciano Ribeiro.
Aos dez meses de idade, acidentou-se com uma panela de óleo quente. Queimaduras de terceiro grau. Internação. Perdas de cabelo. A touca na primeira corrida. O uso do boné pela vergonha das marcas na cabeça. A timidez.
Mas com o tempo, Alison deixou de fazer tudo sempre igual, cresceu, e muito, saltou sobre as barreiras da vida e chegou ao Japão. Voltará para casa com uma medalha no pescoço, sabendo que nada mais lhe é impossível como os superados 400 metros dessa terça-feira.

Foto: Redação O Dia

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