Treze anos, a idade mais feliz

Jornalista é um tipo de gente que até depois de aposentada tem serviço fim de semana, fora de hora, enfim, nunca se sabe que hora terá disponibilidade para, por exemplo, assistir às Olimpíadas ou escrever uma crônica sobre elas.
Eu, por exemplo, trabalhei o domingo inteiro, então mal consegui ver os gols do meu time no Brasileirão. Mas não deixei de me informar sobre os jogos, as disputas, nossas três medalhas, nossa linda Rayssa, que não quer mais ser fadinha porque já tem 13 anos e uma prata no pescoço.
Treze anos é a idade perfeita. Fui feliz nessa idade e imagino como deve estar se sentindo a Rayssa, já tão craque no que faz, tão centrada, tão focada, e ao mesmo tempo tão leve e feliz, capaz de rebolar enquanto espera sua vez de brilhar.
À parte tudo isso que vi, li ou ouvi falar, não consigo tirar da cabeça a frase que, esta eu ouvi com meus próprios ouvidos, dita pelo técnico do futebol masculino brasileiro. Tentando explicar por que o Brasil, vira e mexe, se dá mal contra os africanos nos Jogos Olímpicos, ele declarou que os africanos não obedecem às táticas, não têm muita disciplina, então acabam surpreendendo o adversário.
O problema é que ele estava falando mal daqueles times, daqueles países, daqueles povos. Como se as qualidades deles fossem defeitos. Defeitos esses que remetem a inferioridade, a incapacidade, a preguiça, a desorganização. Não sei, não, mas meu faro me diz que isso também é racismo. A sorte dele foi que apenas empatamos em zero com a Costa do Marfim, e não tomamos uma tunda, como já nos ocorreu em episódios de triste memória contra Nigéria, Camarões e outras seleções desorganizadas, indisciplinadas e desobedientes.

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