Mulheres negras

Bia Souza, Rebeca Andrade, Marta, Simone Biles, Camala Harris, Valdileia Martins… Alguns anos atrás, participando de um encontro do Mulherio das Letras, movimento feminista que reúne a mulherada do meio literário, tive o insight: quem vai nos salvar são as mulheres pretas. Ninguém mais que elas reúne em si a dupla exploração, muitas vezes tripla ou pior, por ser mulher e por ser preta.
Mais que ninguém elas têm a força, a resiliência, o talento, a beleza, a competência, a persistência, pra encarar os problemas e resolvê-los. Não digo os problemas delas, só, não. Digo os delas e de suas famílias. De sua comunidade e de seu país. De seu território e do mundo, que afinal é o território de todos nós, homens e mulheres, pretos e brancos, crentes e ateus.
Não é à toa que as grandes mártires da atualidade são mulheres pretas que lideram seu povo. E também as heroínas.
As conquistas que as mulheres pretas estão colecionando nesta edição dos Jogos Olímpicos representam muito mais que a excelência em correr, saltar, lutar, driblar, dançar, equilibrar-se, voar e pousar como as plumas mais leves. Significam que eu estava certa quando antevia nelas a salvação. Que tudo que se faz de reacionário e cruel hoje no planeta pra barrar imigrantes, africanos, perseguidos, desvalidos, deserdados, vai esbarrar na força das mulheres negras e não vai conseguir derrubá-las. Elas vão prevalecer e levar consigo as hordas de exilados que eu chamo humanidade.
Viva vocês, meninas, em quem eu creio e que sigo com devoção. Bia, Rebeca, Marta, Simone, Camala, Valdileia, façam o que têm que fazer. O planeta Terra agradece e melhora por causa de vocês.

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