As Olimpíadas, esse espetáculo de suor, desodorante vencido, lágrimas e sorrisos forçados, chegaram a Paris como um velho amigo que sempre come e nunca paga a conta.
Na cerimônia de abertura, as luzes brilham mais do que os sonhos dos atletas. Como se a Torre Eiffel tivesse se matriculado em uma aula de belly dance aeróbica.
Os halterofilistas desfilam, carregando as esperanças de nações inteiras nas costas. Pena que o peso das expectativas não conta como treinamento.
O Comitê Olímpico, com sua pompa e circunstância, promete jogos limpos como o rio Sena. Porque, claro, a história do esporte é um conto de fadas onde nunca houve doping ou corrupção.
Paris, a cidade do amor, é agora a cidade dos turistas perdidos procurando o estádio. Google Maps, o verdadeiro herói olímpico.
Nas arquibancadas, os gritos de torcida se misturam com o som das notificações dos celulares. Afinal, quem precisa assistir ao vivo quando se pode fazer uma selfie?
Os comentaristas esportivos, mestres da obviedade, nos lembram que “a água do Sena está molhada” e “a vitória é o objetivo”. Obrigado, Camus do esporte.
Cada medalha de ouro é seguida por uma enxurrada de entrevistas em que os vencedores agradecem a Deus, à família, e ao árbitro que, naquele momento, não estava se achando um deus do Olimpo.
A ginástica artística, onde humanos desafiam a gravidade, sempre me faz pensar: “como é que eles não se quebram todos?”. Mistérios da vida ou dos analgésicos?
No atletismo, os velocistas correm como se estivessem fugindo de Snoop Dogg. Quem pode culpá-los?
A vila olímpica, um melting pot de culturas, línguas e má alimentação. É tipo um colégio interno, com mais músculos e menos hormônios adolescentes.
O ciclismo de estrada, onde competidores percorrem quilômetros, suando a camiseta. Ou como os turistas dizem: “uma noite comum tentando achar um restaurante barato na Rive Gauche”.
A natação, um desfile de corpos esculpidos que nos lembra que talvez devêssemos considerar aquela academia de cross fit que nunca frequentamos.
E então, o encerramento: uma celebração onde todos fingem que não estão mortos de exaustão. Os fogos de artifício iluminam o céu enquanto esportistas e espectadores compartilham o pensamento: “que bom que só acontece a cada quatro anos”.
No final, Paris volta ao normal, com seus cafés e croissants, enquanto o mundo se prepara para esquecer o nome dos medalhistas.
E assim, as Olimpíadas de Paris 2024 se despedem, deixando memórias, memes e uma conta enorme para os contribuintes franceses.