Sentirei falta de narradores chatos transmitindo ping-pong como final de Copa.
Sentirei falta de acordar cedo para assistir a uma prova de tiro com arco e descobrir que perdi a final porque ela já havia acabado há duas horas.
Sentirei falta de tentar entender as regras do badminton e me perguntar por que aquilo é um esporte olímpico.
Sentirei falta de ver gente competindo em esportes que ninguém liga, como o pentatlo moderno e o trampolim acrobático.
Sentirei falta de torcer por países que eu nem sabia que existiam, só porque eles têm um sujeito com nome escalafobético.
Sentirei falta da cara de decepção dos que treinaram a vida inteira para ficarem em 4º lugar e perderem a medalha por milésimos de segundo.
Sentirei falta dos comentaristas achando que entendem de todos os esportes e dando palpites aleatórios.
Sentirei falta dos repórteres que tentaram entrevistar esportistas do Cazaquistão do Norte, ou da Tasmânia, e acabaram fazendo perguntas sem nenhum sentido.
Sentirei falta das matérias especiais sobre a vida dos participantes, que sempre têm uma história triste de superação envolvendo uma lesão grave ou o passamento de um ente querido.
Sentirei falta da Vila Olímpica, esse covil de atletas sarados e hormônios à flor da pele, onde rola de tudo, menos competição.
Sentirei falta de presenciar a Torre Eiffel iluminada e dos franceses tentando ser simpáticos com os turistas (spoiler: eles nunca conseguem).
Sentirei falta dos atletas tirando selfies em frente aos monumentos e postando no Instagram com legendas melosas sobre realizar um sonho.
Sentirei falta da cerimônia de encerramento, um show pirotécnico que ninguém entende, mas todo mundo assiste.
Sentirei falta até do rio Sena, o primo rico do Tietê.
Enfim, as Olimpíadas acabaram e a vida volta ao normal. Ou ao anormal? Façam suas apostas na BET mais próxima.