O século XXI já elevou diversos atletas ao posto mais alto do monte Olimpo. Ao lado dos deuses gregos, Usain Bolt, Michael Phelps, Katie Ledecky e Simone Biles já tinham garantido suas cadeiras no Panteão.
Todos eles jamais tiveram rivais à altura com exceção da Simone. Primeiro, a maior doença deste século a assolou em Tóquio-2020. Era a ansiedade, o medo e a depressão num colapso de sentimentos que a tiraram do jogo lá nas terras nipônicas. Lá foi Rebeca e arrebatou duas medalhas: ouro no salto e prata no individual geral.
Como toda heroína, Simone venceu o mal do século. Reergueu-se e voltou a competir.
Rebeca e Simone; Andrade e Biles passaram 2023 duelando por aí. Chegou 2024 e os Jogos se anunciaram às margens do Rio Sena. Era o esperado maior duelo olímpico deste século. O maior embate esportivo de Paris-2024. Era a promessa aos amantes dos Esportes.
O Brasil parou em trinta de julho para ver a medalha de bronze por equipes na Ginástica Artística, uma terça-feira normal de trabalho. O expediente não se encerrou, mas as teclas dos teclados tiveram um descanso. Jade, Flavinha, Júlia, Lorrane e Rebeca, atletas de fibra numa verdadeira “Casa das Cinco Mulheres” daquela luta Farroupilha do século XIX.
O Brasil parou em primeiro de agosto para ver Rebeca Andrade ganhar a medalha de prata no individual geral na Ginástica Artística, uma quinta-feira normal de expediente. O trabalho ficou de lado e as telas dos computadores se tornaram verdadeiras televisões.
O Brasil parou em três de agosto para ver Rebeca Andrade ganhar a medalha de prata no salto. Era um sábado e nossas salas se tornaram verdadeiras arquibancadas.
O Brasil parou hoje para ver Rebeca Andrade ganhar a medalha dourada no solo, uma preguiçosa segunda-feira. Todos vestimos um apertado collant verde e amarelo e gritamos na janela lá pelas dez e tanto.
Hoje, em Paris, não tivemos Biles, mas sim um verdadeiro Baile. Baile de Favela.
Cinco de agosto de dois mil e vinte e quatro: o dia em que a maior ginasta da História reverenciou a Rainha.
Nossa Rainha Rebeca, aquela que parou o Brasil.
No maior duelo do século, a maior de todas saiu com quatro medalhas; nossa maior medalhista olímpica também. Simone voltará ao Panteão; Rebeca será eternizada como a maior atleta olímpica brasileira de todos os tempos.
Rebeca, mulher preta, a cara do Brasil. A maior do Brasil.