Admiro quem esteja dando conta de tanta informação na cobertura das Olimpíadas. Estou perdida como a touca da nadadora americana no fundo da piscina. Os jogos em si já trazem assunto de sobra, mas a criação de conteúdo pelos influenciadores parece que triplicou as notícias. Talvez a questão esteja aí. As transmissões mudaram e não basta falar das competições, dos resultados, das técnicas, do preparo ou expor uma breve biografia de algum ou alguns participantes. Há também o que corre por fora, a curiosidade, a fofoca, a piada. É divertido, mas cansa. Tudo bem, a escolha é minha. Deixa de lado as redes, tenta driblar os apelos, dá uma conferida no velho quadro de medalhas, passa rápido pela TV e depois busca um jornal, que ainda é jornal, para um resumo. Fica um pouco mais leve.
Ontem torci pela Rayssa Leal no skate, pelo William Lima e a Larissa Pimenta no judô, os três que nos garantiram medalhas. Lamentei o resultado do futebol das meninas, acompanhei mais ou menos o vôlei de praia, a ginástica artística, o slalom e o tênis. Foi quase uma maratona. Hoje, só por alto, vi que no surf o Gabriel Medina venceu uma etapa e vai para as quartas de final com o brasileiro João Chianca. Também só por alto vi que a vitória sobre o japonês Kanoa virou meme e que uma foto viralizou. Taí um exemplo do que se amplia nas redes. As coisas viram memes, as imagens viralizam. A gente tem a notícia e depois o que se cria sobre a notícia. Isso cansa uma baby boomer como eu. Assim como cansa ouvir dos próprios atletas, que sabem bem o duro que dão para treinar, atribuir a Deus suas conquistas. Nada me tira da cabeça que o apelo religioso se trata também de produção de um conteúdo.