UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA

Uma quinta-feira promissora – em grandes emoções.
Estou escrevendo antes da apresentação das finais da Ginástica individual onde estarão frente a frente as duas melhores do mundo. Ponto alto desse embate: as duas se respeitam e se admiram e no esporte isso é o melhor que podemos almejar!
Nesta manhã duas cenas na TV se destacaram. A primeira delas: a judoca brasileira Mayara Aguiar buscava sua terceira medalha olímpica – um feito digno de muitos aplausos – mas quis o destino (e os confusos regulamentos do Judô) que ela perdesse para uma italiana – diga-se, uma digna adversária. Na saída do tablado, segundos depois de perder, plena de adrenalina, foi entrevistada por um repórter. Entre muitas falas emocionadas, não faltou a comum autocrítica severa, punindo-se pelo suposto fracasso – suposto, pois quem disputa Olímpiadas jamais é fracassada, muito menos ela, com a história que já construiu! Mas a gente sabe que atletas possuem a marca do inconformismo e é normal que não aceite a derrota, por mais que o Barão Pierre de Cobertain diga o oposto. Mas o que chamou atenção nesse caso foi a comovente cena final quando ela, aos prantos abraçou o repórter.
Nenhum roteirista conseguiria descrever essa cena, que desnuda a “fragilidade” do ser humano, mesmo sendo uma campeã, uma vencedora. Faço aqui a ressalva: o Comitê deveria impor regras ou ao menos recomendar bom senso. Atleta que acaba de disputar uma prova, onde chegou ao seu limite físico e psicológico, não deveria ser imediatamente entrevistado, pois trata-se de uma exposição, de um desnudamento que rigorosamente pertence a ele(a). Depois de ver e rever a cena, cheguei a conclusão que a ânsia de mostrar aspectos “humanos” da disputa, fiquei com certa sensação de que teve um quê de apelação e já imagino chefes de redação/editores cobrando aos berros de seus comandados a produção de “furos” equivalentes, buscar e ofertar overdoses de emoção. Até que ponto expor fragilidades humanas despertará sentimentos de solidariedade, em vez da mera exploração da busca de audiência?
Balanceando esse abalo, foi reconfortante ver a atuação das moças do volley de quadra. Enfrentavam as temíveis japoneses , mas estavam preparadas e afiadas, bem ao estilo de Zé Roberto Guimarães, essa lenda viva do esporte nacional que ainda comemora seu aniversário. A concentração, o empenho, a garra e a vontade de ganhar cada ponto, de certa forma contagiou quem assistia! Cada um de nós, amantes do esporte, esteve sacando e bloqueando junto (desculpe, Barão, mas aqui imperou a vontade de vencer sem dar a menor chance às adversárias).
Uma cena antológica, presenciada poucas vezes na vida: na disputa do 13º ponto, do terceiro e último set, num emocionante rally, uma jogadora brasileira (não anotei o nome) usou o pé para levantar uma bola, pois seria impossível usar as mãos. Uma típica jogada de futevôlei digna de Romário ou Renato Gaúcho dos tempos de praia!
Esse improvisado “futevôlei” valeu ouro! Um toque de samba-jazz!

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