Frio na barriga dela, calor no meu coração.

Lá vamos nós, deslizando loucamente em cima de um impensável chassi com quatro rodinhas, junto com essa menina brasileira. Rayssa Leal incorpora o moleque que não fui, eu que nem aprendi a andar em patins e, no futebol, fui um craque em fugir da bola. Desde que ela surgiu, em 2020, não perdi de vista os seus saltos e rodopios. E, hoje, lendo as últimas notícias das equipes brazucas nos Jogos Olímpicos de Paris, me deparei com esse desabafo da garota:
“Eu só tinha sete anos e não entendia nada. E depois da Olimpíada, mudou mais ainda. Tipo, vou falar de seguidores, cresceu muito rápido. Então, para mim, para eu entender isso tudo foi, foi muito difícil. E aí eu comecei a fazer terapia, comecei a falar com a minha psicóloga. Foi assim, maravilhoso. Parei de ficar tão nervosa, porque por mais que não parecesse que eu estava nervosa porque eu ficava fazendo dancinhas, eu sempre ficava nervosa, sempre tive aquele friozinho na barriga. Então acho que para mim foi de verdade a melhor coisa que eu fiz.”
Adorei saber disso. Me pareceu sempre que ela não estava nem aí. Fazia aquilo de fraldas e seguiu fazendo, quando viu estava numa Olimpíada. Ela também ficava nervosa. Bom saber, eu que ao ouvir o tiro de largada, nos meus tempos na piscina do Fluminense, pensava em pedir para ir ao banheiro. Eu que virei goleiro para não atrapalhar mais tanto ao time do meu prédio no Flamengo. Eu que ganhei, sim, uma prova de natação no Fluminense, mas nadando ridiculamente no mais legítimo estilo “cachorrinho”. O prêmio era apenas uma garrafa de Coca-Cola gelada, ofertado pela patrocinadora do Campeonato Infanto-Juvenil do clube. Mas ganhei desmerecidamente. Sem contar que estava tão nervoso que ao tomar um gole, me engasguei e cuspi Coca-Cola na camisa do representante da marca que estava posando na foto comigo. Poxa, Rayssa, me apresenta sua terapeuta aí…

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