SENHOR MOURA NO FEITIÇO MINEIRO

SENHOR MOURA NO FEITIÇO MINEIRO

Bons tempos quando eu ia à Brasília e frequentava o Feitiço Mineiro, do saudoso Jorjão Ferreira, meu conterrâneo cruziliense.
Um dos habituais frequentadores era um tal de senhor Joãozinho Moura Vilela, revendedor de pedras de São Tomé. Ele gostava de discutir. Não importa o assunto, ele já entrava de sola, discutindo. E gostava de ser do contra. Detestava unanimidade, segundo a filosofia de um de seus ídolos, Nelson Rodrigues.
Numa das noites etílicas, o senhor Moura desandou a falar mal dos Jogos Olímpicos. Não admitia que ali houvesse halterofilismo, esporte de brutamontes feiosos e sempre com acusações de doping. E também era contra o golfe, esporte de gente grã-fina, tentando acertar buraquinhos. E o que dizer do Badminton, do hóquei de grama e das provas de tiro?
Neste ponto, alguém da mesa retrucou: — Que isso, senhor Moura, prova de tiro é um esporte refinado, mas bacana. Um brasileiro chamado Afrânio conquistou medalha de prata, em 1920. Usando arma emprestada.
O senhor Moura não concordou, disse que isso era esporte para americano, que fazem treinamento de tiro para acertar presidentes.
Depois, senhor Moura disse, emborcando um uisquinho: — O que está faltando nos Jogos Olímpicos é futebol de mesa, nosso tradicional jogo de botão.

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