Time olímpico

Leio que o Brasil deverá ir com um grupo de atletas menor às Olimpíadas da França do que foi em outras oportunidades. O número ainda não está fechado, mas não alcançará o de Tóquio. A não classificação das seleções masculinas de futebol e handebol respondem por boa parte desse recuo. De toda forma, as atletas são a maior parte de nossa equipe, o lado bom da coisa.

A comissão técnica do basquete feminino deixou o time às vésperas da competição, e por motivos extra quadra. Um auxiliar do técnico fez uma postagem em rede social posicionando-se contra o aborto. Quer dizer, não só isso, a favor da PEC que a ala conservadora do Congresso, em manobra política do presidente da Câmara dos Deputados, o Lira – essa lira desafinada -, anda empunhando por aí. Nessa emenda à Constituição, uma mulher, inclusive meninas, vítima de violência sexual, não só perde o direito de interromper a gestação, como passa a ser tratada como criminosa. Uma aberração. Algumas atletas reagiram ao post do auxiliar técnico, chamaram a atenção para o caráter absurdo de seu conteúdo. O homem foi afastado. Em solidariedade a ele, o técnico, batendo no peito para se dizer um homem temente a Deus, pulou fora. Uma crise? Talvez uma oportunidade.

Apesar do grupo menor de atletas, nossas chances de pódio devem manter-se mais ou menos as mesmas. É lógico que o fato de o futebol masculino estar fora signifique a quase certeza de uma medalha a menos. Por outro lado, é uma chance de os cartolas caírem em si e perceberem que o modelo se esfarinha. Nosso futebol masculino não é nem sombra do que já foi, apesar de manter bons craques e de o preparo atlético hoje ser superior ao que foi quando éramos os reis da cancha.
Seja como for, eu, nas arquibancadas da vida, quer dizer, no sofá aqui de casa, torcerei principalmente para essa turma que frequenta recentemente o Olimpo, os skatistas e surfistas – esses, coitados, longe de Paris –, além de alguns esportes de que gosto, mas pouco acompanho: as várias formas de ginástica, a natação e o vôlei feminino. E agora o basquete feminino, porque, vocês sabem, tudo é política.

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