Li recentemente uma matéria do El País Brasil, sobre a atleta e medalhista paralímpica Verônica Hipólito, falando das postagens dela em redes sociais a respeito dos clichês e termos preconceituosos utilizados pelas pessoas, ao comentarem sobre o desempenho de um atleta nas paralímpiadas. “Não é superação, é treino”, escreveu.
Entendo o que ela quis dizer com isso, porque muitas vezes se usa o termo superação pelo simples fato de alguém que tem uma deficiência estar competindo em certa modalidade esportiva.
É inegável que existe um grande preconceito para com o deficiente físico em geral, que tal como os demais preconceitos, está enraizado em nossa sociedade e precisa ser combatido. A maioria de nós deve ter se chocado com a recente fala do nosso excelentíssimo ministro da educação, que declarou que “estudantes com deficiência atrapalham o desenvolvimento de outros alunos”, e que há crianças com grau de deficiência em que “é impossível a convivência”. Desconcertante, mas nem tão surpreendente, vinda de um integrante do governo a que estamos submetidos atualmente.
A questão é que eu acredito que o termo superação faça sentido quando pensamos que para treinar e mostrar do que é capaz, qualquer atleta, seja ele dos jogos olímpicos ou das paralimpíadas, precisa superar inúmeros obstáculos, sendo talvez o principal deles a falta de incentivo, o fato de muitas vezes terem de trabalhar em outra atividade para se bancar no seu esporte. No caso dos atletas paralímpicos soma-se a carga de preconceito e o capacitismo, para usar o mesmo termo que Verônica usou, que significa alguém dizer que uma pessoa com deficiência não tem capacidade de fazer algo.
Achei muito legal mais uma frase dela e vou repetir também, ao observar um atleta paralímpico “não olhe para a deficiência, olhe para a eficiência”. Pelo que já vimos das paralimpíadas até agora deu pra perceber que, felizmente, há muita eficiência brasileira a ser observada, comentada, aplaudida e premiada com muitas e muitas medalhas.
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Fátima Gilioli
Fátima Gilioli é jornalista e escritora, autora do livro “Código 303 Uma reportagem sobre o alcoolismo, a doença da negação” e da distopia “#EsseFuturoNão!”. Tem participação em antologias como: Mar Infinito, A Rua dos Versos, Cadeira de Mulher - Crônicas, Contos e outros Pontos... Atualmente ocupa a cadeira nº. 18 da Academia Guarulhense de Letras. Ministra palestras sobre Alcoolismo, organiza encontros literários e saraus. Visita escolas, falando sobre escrita literária. Faz trabalhos de revisão de textos e é responsável pelo conteúdo do blog VamosComentar1@blogspot.com.
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