Malditos.

Então tipo assim tá ligado ? Soam tão onipresentes interjeições onomatopéias modos cumprimentos exclamações formas de vida afectos : tanta coisa mudou desde o carinho de rolimã eu que sou do tempo de ´´Mamy Blue´´ por Ricky Shayne…. ultimamente sim os skatistas vão ganhando status de burguesia pela Berrini & Augusta: excentricidades de mauricinhos do silício sampauleiro talvez algum alíbi para tanta desigualdade reinante.  Mas o skate mesmo das quebradas onde se faz a melhor poesia nunca foi bem visto assim como o verso e rima.  Surfistas eram os rapazes lindos cabelos oxigenados de Santos & Guarujá por lá moradores e descidos da Serra: havia sim amalgama social entre alguns abonados ratos de praia dia de semana com outros que passavam-lhes parafina ou coadjuvavam algum serviço avulso para ter acesso as boas pranchas e melhores ondas . Algum baseado a simpatias das garotas certo charme urbano casado com o culto matutino pela natureza escaldante. Mas da mesma forma surfistas & skatistas nunca foram bem vistos herdando sem a lira a maldição da poesia. O skate diga-se é mais pra cá das contas , o surf já centenário hábito de gajos endinheirados filhos do senhores do café paulista ou de empresários anglo-saxões radicados entre Sampa e o cais santense assim como a vela nasceria na Guarapiranga. Nós os poetas continuamos os ´fodidos felizes´ da história sem medalha para embalar : quem diria o surf velho de guerra e o skate das lombadas quebrando-se pelo mundo até chegar ao pódio nesse Olímpo pós-modernoso reconhecido quem sabe não tenham perdido a aura o charme de marginália? Confesso tenho medo que meu ofício e pena de bardo tenha o mesmo destino platinado dos desportos siameses: sim porque o surf & skate ainda guardam um lirismo das esferas , a plasticidade abstrata, um gozo de vida última dentição existencialista cabelo ao vento sem compromisso …. a poesia retêm a láurea de ser não-olímpica ainda que cante suas belezas….

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