Nesse frio paulista , alinhavando essas ruminações sobre o estado das coisas , afinal a crônica é a poesia de bermudas e somos capazes de ter alguma leitura atenta dos dias que correm como nunca pelo ponto de vista do esporte : aliás outro nome para espetáculo , vibração, alguma beleza entrevista…. tenho com meus botões e sinapses que além da partida, placar, ´score´, da pontuação estrita o que temos nos jogos olímpicos é a mimetização estilizada de nossa faina ( termo antigooo) nesse barco meio sem rumo onde pagamos com suor do rosto e da alma algum sentido provisório que nos sustente a lida….numa imensa raia para não perder fôlego , de braçada porque se paramos para pensar para que tanto esforço? Me apiedo mais da menina Rayssa transformada em ´Shirley Temple´ do mercado das marcas, curtidas e pistas que do heroico niilismo positivo de Simone Biles : tornar a marca de uma esportista adolescente laureada em ´orgão de propriedade´ o que seja isso por ter um qualitativo ´´fadinha´´ é duma truculência mercantil que me assusta tanto quanto ver um bebê amestrado soletrando palavras difíceis para propaganda de banco….Simone Biles foi duma ousadia altura dos grandes abdicantes: ganhar tudo desdobrar-se por medalha sobre medalha quando já se provou tanto é buscar o Batalhão dos Trezentos contra a o Império Persa: só a grandiloquência do ridículo nos dá dimensão de perder a cabeça por delicadeza para com qualquer esquema…..
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Flávio Viegas Amoreira
Escritor, poeta, contista, romancista, dramaturgo e jornalista. Nascido em Santos em 1965, atua como agitador cultural em São Paulo, Rio de Janeiro e Litoral Paulista em projetos de discussão de temas ligados a artes de vanguarda, saraus poéticos e oficinas de criação literária. Já lançou 14 livros entre eles: “Maralto”, “A Biblioteca Submergida”, “Contogramas”, “Escorbuto, Cantos da Costa”, “Edoardo, o Ele de Nós”, “Oceano Cais”, “Desaforismos”, “Pessoa doutra margem”. Também participou de diversas antologias de poesia e conto, incluído a “Geração Zero Zero”, antologia que reúne os mais inquietos e inovadores autores lançados na primeira década do século XXI e organizada pelo crítico literário Nelson de Oliveira. Escrevendo para teatro, cronista, atuante em redes sociais com criação literária online e arte digital, Flávio Viegas Amoreira é considerado um dos mais ativos escritores paulistas e agitadores intelectuais da Novíssima Literatura Brasileira.
Crédito da foto: Isabel Carvalhaes
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